Sabem quando adiamos alguma coisa para nos sentirmos no poder?
Foi assim que me senti de manhã. Adiei apenas para poder ter no pensamento que era eu quem decidia o que sentir. O poder para dizer que nada avançava pelo simples facto de que não havia acção.
Não ia haver a ânsia, a espera, os pensamentos inúteis.
Mesmo sabendo que tudo isso podia acontecer depois.
Repetia na minha cabeça:
“Ana não passas por nada disso neste momento porque não tomaste a decisão, porque podes fazer isso, porque tens todo o tempo”
E então enchia o peito de ar e ficava naquele “ vai que não vai" quase eterno.
…
Isto fez-me lembrar um conto que li há algum tempo:
Felicidade clandestina by Clarice Lispector
Ela inventava de tudo para adiar a leitura do livro que tanto desejava ler só para poder sentir aquele desejo durante mais tempo. Ela fingia perdê-lo só pela alegria de o encontrar.
Eu era uma rainha delicada. Ás vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
Foi assim que me senti de manhã. Adiei apenas para poder ter no pensamento que era eu quem decidia o que sentir. O poder para dizer que nada avançava pelo simples facto de que não havia acção.
Não ia haver a ânsia, a espera, os pensamentos inúteis.
Mesmo sabendo que tudo isso podia acontecer depois.
Repetia na minha cabeça:
“Ana não passas por nada disso neste momento porque não tomaste a decisão, porque podes fazer isso, porque tens todo o tempo”
E então enchia o peito de ar e ficava naquele “ vai que não vai" quase eterno.
…
Isto fez-me lembrar um conto que li há algum tempo:
Felicidade clandestina by Clarice Lispector
Ela inventava de tudo para adiar a leitura do livro que tanto desejava ler só para poder sentir aquele desejo durante mais tempo. Ela fingia perdê-lo só pela alegria de o encontrar.
Eu era uma rainha delicada. Ás vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar"O desejo por poder leva a um encontro de sensações e sentimentos, mas também pode tornar-nos cegos. É como a ânsia de crescer de uma criança, que tudo faz para envelhecer; ou como o velho que busca sempre uma maneira de se tornar mais novo. São impossiveis que, quando se tornam reais, só com reflexão os controlamos e somos plenos."
ResponderEliminar24 de Agosto de 2009 9:39